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Percebi que estava sumido, mas me toquei que é a maturidade que chegou e agora tenho muita coisa de adulto pra fazer. Mentira, quando estou na internet fico procurando uma passagenzinha barata pra ir ao RJ, coisa que tá bem difícil depois que deu ruim pra Avianca e as passagens estão mais caras que encher o tanque do Opala.
E em uma sexta-feira dessas de não viagem para o Rio eu resolvi dar uma passada na melhor pizzaria do mundo, que não tem recheio, você come em pé com gente pedindo coisa enquanto você tá lá tentando tomar o mate e segurar o queijo que tá caindo na outra mão com o olho, criança pisando no seu pé... A tradicional pizzaria Dom Bosco! Pois bem, estava lá praticando o malabarismo habitual para uma pizza dupla (que agora esses jovens Nutella inventaram de chamar de "sanduíche de pizza"), vivendo aquela nostalgia padrão e curtindo a vibe de um lugar que se mantém o mesmo desde quando eu nem alcançava o balcão pra saber o que eu queria. Como se fizesse alguma diferença, já que a pizza nem recheio tem. 
Enquanto tudo isso acontece chega um cara e fica ao meu lado no balcão e enquanto comia ele conversava com os atendentes e o tio do caixa. Um dos assuntos que ele puxou foi sobre um vídeo que tinha visto no dia sobre coisas de Brasília e que a Dom Bosco era citada. Achei até interessante o assunto, mas como só ele tava falando eu não consegui sacar se ele era chato ou não. Resolvi ficar na minha porque acho uma puta falta de sacanagem alguém cortar a vibe do outro quando se está comendo. Mas aí o camarada num certo momento falou uma coisa que eu nem lembro agora e eu por estar ombro a ombro com ele (logicamente participando da conversa de tabela) fui flagrado reagindo ao que tinha falado. Aí já era, não tinha mais como fazer a egípcia. Entrei no assunto e quando me dei conta eu tava contando pra ele toda a minha vida lá da Dom Bosco. Que eu estudava ali na escola parque, que eu ia lá desde criancinha, que eu também conheci o pai do tio do caixa, que no caso foi quem fez a porra toda, que eu enchia o saco dos meus pais pra passarmos lá depois da aula... Cara, eu virei o melhor amigo do cara. Aí pensei que tinha sido só uma explosão de lembranças, mas quando eu termino de piscar eu estou quase abraçado com o meu super amigo vendo o tal vídeo e fazendo altos comentários. Estávamos na frente das pizzas, já tínhamos comido, as pessoas chegando e tendo que nos contornar pra pedir porque não tinha espaço pra enfiar a mão entre a gente pra pegar a pizza. Causamos um pequeno transtorno no local, mas é foda atrapalhar os amigos de infância que se recontram do nada. Espera o papo acabar aqui e depois vocês pedem, porra! 
Enfim, não teve fim porque descobri que o cara é carioca e está há 25 anos em Brasília e odeia ir pro Rio porque lá é muito tenso. Aí lá vai eu chorar falando que não tô conseguindo ir como antes porque tá muito caro e entramos em mais um ciclo de conversa e mais gente chega e ninguém consegue passar e os funcionários nem travam trabalhando direito porque a gente tava com mais história que o Forest e toma indicação de vídeo e olha só isso aqui e lembra de não sei o que. Maaaano! Era só pra comer uma pizza no balcão e embora, jogo rápido, mas fiquei lá por mais de uma hora com meu chapa. Se tivesse uma cerveja lá eu tenho medo de que estaríamos até agora batendo papo. 
Resultado: Eu já tô aceitando que agora eu sou super adulto e fico falando sobre lembranças com desconhecidos na rua como se fôssemos amigos da época da escola. Se alguma criança me chamar de tio na rua já posso play pra saber se sou eu. 

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