Ahhh quarentena

Pensaram que o bloguinho estava abandonado, né? Tava não, gente... eu estava muito ocupado, tocando outros projetos e nessa correria da vida. Mentira, tava largado sim e eu tava só dormindo. Falei assim só pra prender a atenção porque é muito valoroso dizer “estava tocando outros projetos”. Espero que tenha dado certo.
Pois bem, tamo aqui tudo dentro de casa na realidade de uma quarentena jamais vivida antes. Uma prisão domiciliar! Tem gente que gosta de romantizar e dizer que vamos sair bem melhor dessa... O que eu tenho a dizer sobre isso é: não me irrite! Já passamos aí recentemente pela crise hídrica e depois que tudo voltou ao normal geral voltou a varrer calçada com água da mangueira. Tem gente até hoje comprando um remédio, que ainda não teve seus estudos concluídos e pra usar como forma de prevenção ainda por cima! Como se fosse vitamina C pra tomar ao acordar no desjejum. E nisso deixando pessoas que realmente precisam desse remédio pra outras doenças na merda. Então não, não vamos sair melhor dessa, ok? Ok! 
Depois desse chilique vamos agora pra fofoca que rolou aqui em casa nesses últimos dias. 
Como todo dia é igual então você fica meio que caçando coisas pra fazer, né... Um dia resolve limpar o rejunte do banheiro, no outro fica lavando os tênis, enfim, faz tudo que ficou procrastinando. E numa dessas o meu irmão Mansa resolveu arrumar um quarto da bagunça que tem aqui. Mas o que é um quarto da bagunça? O quarto da bagunça daqui é uma coisa que não tem como descrever. Quando alguém me diz quarto da bagunça eu imagino que seja o quarto onde tem uns brinquedos de criança espalhados e coisas do tipo pelo chão. Só que aqui não! Esse quarto é um lugar no qual tudo que você não sabe mais o que fazer você vai lá, abre a porta com muito cuidado (afinal não se sabe ao certo o que tem lá dentro) joga com o máximo de força lá dentro e dá o fora. É muito importante que se jogue a coisa com muita força porque se der azar e jogar fraquinho isso pode só bater e voltar. Pode bater e voltar agarrado num monte de outras coisas! Aí você se torna responsável por tudo aquilo no chão e tem que dar um jeito de desovar de novo. Então é melhor não correr esse risco. 
Como ele disse que ia arrumar eu fiquei bem quietinho, fingi que nem tinha escutado e fiquei bem na minha pra não correr o risco de ter que ajudar. De nada adiantou. Fui convocado pro esquadrão quando já estava tudo do lado de fora. Menos mal, participei mais da triagem das coisas que tinham sido retiradas. A parte de matar baratas e gremilins ficou só pra ele que é mais corajoso. Não que tenha acabado, mas um dia fomos dar fim numa papelada que estava lá e ficamos QUATRO HORAS queimando papel na churrasqueira. Tinha papel de toda a vida lá. Até panfleto de promoção de mercado a gente achou. 
O mais interessante disso foi o tanto de coisa antiga que achamos nesse quarto. Parecia que estávamos revivendo momentos passados. Na verdade estávamos, inclusive quando apareceu o meu primeiro disco de vinil no meio de toda aquela zona! O disco é de 1992, de quando eu tinha 7 anos. Da época em que o passeio da família era a ida ao Park Shopping de noite pra dar um rolê (acho que era mais pra gastar a nossa energia e não torrarmos tanto a paciência dos meus pais no fds) e comer um Macdonald. Lembro que ficávamos brincando de pista naquelas marcações que tinham nos corredores da Mesbla e minha mãe quando ia chamar a gente pra ir embora sempre me achava na parte dos tênis, lá estava eu olhando os lançamentos da Fila e Lê Coq (era só o que tinha lá). Depois a gente saia e ficava andando pelos corredores vendo as vitrines. Num desses dias meu pai fez uma graça e deixou cada um escolhe um disco de vinil na saudosa discoteca 2001. Lembro que eu parecia aquelas crianças do filme A Fantástica Fábrica de Chocolate, olhando encantado pras paredes cheias de discos e pôsteres. Foi então que escolhi o disco do grupo Boyz II Manz. Confesso que não sabia quem eram, mas não sei porque... eu me identifiquei com a capa. Na verdade sei sim, tinha chegado o meu momento de ver uma capa com gente como eu, né? Afinal só o que aparecia era aquela sequência de cds “as balas da pan” da rádio Jovem Pan. Mas quando fui escutar meu disquinho eu fiquei muito decepcionado, porque o lado A era só de música lenta. Aí eu mudava a rotação e ficava mais de acordo com a minha expectativa (culpa de quem, Jovem Pan?!?). Eles ficavam com voz do Alvin e os Esquilos? Ficavam, mas não dá pra ter tudo na vida. Aí depois eu ia a loucura com o lado B, que já era mais acelerado e não precisava fazer meu armengue. Foi esse o disco que o Mansa tinha acabado de encontrar no censo de guerra que tava o quartinho! Eu não acreditei quando ele me mostrou, pensei que só tivesse a capa. Mas o disco tava lá dentro e eu já corri pra pegar a vitrola. Tudo pronto! Tirei o disco da capa e fui lavá-lo. Quando termino de tirar o disco vejo que ele está quebrado. Era o mínimo pra um disco largado por 28 anos no quarto da zona total. Mas a sorte estava do nosso lado. O quebrado era praticamente um trincado. Estava quebrado mesmo, só que era um linha reta que pegava três músicas. Alinhamos as duas partes depois de colocar na vitrola, fizemos uma figa com os dedos e ligamos a vitrola. Deu um frio na barriga, mas durou pouco porque já começou a tocar e agulha não emperrou em nenhum momento. O disco sobreviveu a tudo aquilo e ainda tava lá tocando. Realmente as coisas de antigamente eram feitas pra durar a vida toda (profundo isso, não?). Tocou os dois lados e eu lembrava de todas as músicas! Vale lembrar que mesmo eu sabendo inglês hoje em dia (uiuiui) ainda canto no dialeto de quando eu tinha sete anos, o que inventei pra cantarolar junto com meus maninho do grupo.
E foi esse momento que o grande Mansa me fez reviver momentos na quarentena. Achei o meu primeiro disco da vida, que eu já me lamentei muito por não saber o que tinha acontecido com ele. Agora já escutando sem mudar a rotação e apreciando até o barulho da agulha pulando na parte quebrada do disco.
Essa é minha história romântica da quarentena. E ao contrário do que eu disse antes eu vou sim sair bem melhor dessa fase, mas porque agora eu tenho meu  vinilzinho pra matar saudade. Rá!

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