Eu, acumulador


Não sei o motivo de eu me apegar a tudo que tenho. Um apego que não vejo como coisa negativa, tirando o fato de eu ter meias desde o tempo da escola e um monte de tranqueira que só ocupa espaço e acumula poeira no meu quarto. Eu tenho dificuldade real em simplesmente jogar as coisas fora quando não servem mais, como um creme pra limpar pele que tenho na minha penteadeira vencido desde 2011. Pode ser um problema e talvez minha família me interne ou chame o pessoal do Discovery Channel aqui pra dar um jeito em mim? Pode! Mas acho que tá de boa. 
O pior é que eu sempre guardo o laço que veio num presente de aniversário porque na minha cabeça eu posso vir a usá-lo em uma situação que eu nem faço idéia de qual possa ser. Aí o laço tá lá na dele por anos e um belo dia eu quero fazer um remendo na antena parabólica pra fazer uma experiência num ferro velho e eu lembro de quem? Aí lá vou eu remexer o quarto inteiro atrás do laço. E o pior é que eu acho e aí tudo se justifica. Tô pensando aqui agora que eu posso tentar usar o creme de limpeza da pele pra passar num vidro ou sei lá aonde. 
Outra coisa que eu já percebi é que tenho dificuldade em acabar com as coisas. Vou usando o perfume direitinho, só que quando tá no final dele eu começo a usar um outro pra aquele não terminar. Cara, por quê?!? Essa aí eu não consigo entender. Parece até que é o último do mundo e eu tenho que guardar aquele pouquinho pra mostrar pra alguém num cenário pós apocalíptico. Agora que tô escrevendo eu já não tô achando mais tão de boa assim. Mas eu também coleciono amigos e aperto esse sentimento no peito pra não deixar escapar. Chuuuuuuupa!!!!!

Resolvi escrever isso porque acho uma coisa muito louca o que rola dentro dos nossos pensamentos (vai vendo que eu já tô colando você no meio também, não vou mais sair de louco sozinho agora que entendo não ser tão normal guardar um creme desde 2011) e o que realmente fazemos. Tipo ir na livraria, comprar vários livros por livre e espontânea vontade e não ler. Quando eu olho pros meus livros eu me sinto o meu xará Sérgio Moro, que diz ler muito e não sabe nem quando foi que leu o último livro. Sei lá, me identifiquei. Só não minto dizendo que li. Eu compro e não leio mesmo. Acredito que ele também seja um acumulador e tenha tido medo de assumir em rede nacional, pode ser até mal de Sérgio. Vou pesquisar. 
Enfim, pra eu continuar bem comigo vou me defender e dizer que graças ao meu espírito de acumulador é que eu tenho registrado aqui mesmo neste blog alguns dos meus relatos antigos, tenho registros e objetos que me fazem lembrar de bons momentos que passaram e talvez seja por isso que eu voltei pra escrever mais coisas. Porque vejo que essa é uma forma muito viva de eu conseguir me conectar com um tempo que já passou. E como dizem por aí que o primeiro passo é se assumir, então eu digo pra vocês: eu, acumulador.

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