Vem, 2020!

Ainda estamos no pré 2020 e o bicho já está pegando! Pré 2020 porque o carnaval ainda não começou e, você gostando ou não de carnaval, saiba que o ano só começa na ressaca da quarta-feira de cinzas. Sempre bom lembrar, porque até hoje tem desavisado achando que depois dos fogos já tá valendo tudo. 
Mas então, eu tô passando por umas provações boas já nessa transição. Acho que começou quando eu fui comprar rabanadas para a minha ceia individual de réveillon e ao invés de recebê-las com os recheios que pedi (doce de leite e brigadeiro) vieram todas com Nutella. Nada muito grave, afinal eu tinha rabanada! A outra provação foi no quesito mobilidade: até pouco tempo eu estava com três carros (se você não leu o texto do acumulador então volte lá e leia. Antes de vir com o "ain você é rico, me paga uma freegells") e aí com muita dor no coração eu me desfiz do mais novo pra poder seguir esse sonho que é só andar com carro antigo e ficar fedendo a gasolina e ter a mão cheia de graxa. O plano foi traçado da maneira mais bela possível: vende um, manda mecânico o outro e no fim de semana dá aquele rolé da Opalaterapia. Pois bem, o primeiro passo foi concluído com sucesso, o segundo também, mas havia um terceiro passo que esqueci de colocar na planilha... É nesse momento que começa o meu pré 2020. 
Como não tem a menor possibilidade de andar de Opala no dia a dia então eu pensei em ficar com o carro do Morgan até o outro velhinho ficar pronto. Só que dois dias antes de eu deixar o carro lá a minha irmã (empresária de sucesso no ramo de coisas que engordam e que vocês deveriam seguir @carolices) teve problemas no veículo dela e começou a usar o carro que eu pretendia usufruir. Ou seja, fiquei sem condução! Mas tudo bem, é só subir ali e pegar um ônibus, um Uber ou sei lá o que. Na primeira semana foi lindo (mentira, foi uma merda) eu fazendo playlist pra ir escutando, baixando aplicativo de transporte público... Na segunda semana não via tanta diferença entre andar de Uber e ônibus, já que aqueles R$14 a mais em cada trajeto era o preço que eu pagava pra chegar mais rápido e ter o conforto merecido de um rapagão como eu. Na terceira semana pra frente aí foi merda geral. A fatura do cartão começou a chegar bombando, comecei a ver que tava pagando uma nota pra ser o princeso que vai de Uber do trabalho (morando a 24km do trabalho) e a situação estava crítica de verdade. Já no desespero eu recebi uma luz (na verdade a luz era só uma pausa na rotunda), que foi a semana do natal em que eu fui pro Rio e fiquei longe da realidade. Escutei até os anjos cantando OOoOoohHHHhh e foi mágico! Mas aí voltei e vi que estava tudo igual. Na verdade pEor, uma vez que o funileiro também saiu de recesso e com isso o carro está sem evolução até sabe lá quando (continuo sem saber porque tô com medo de incomodar o cara na folga dele. Eu mesmo me faço de morto quando tô na praia com minha catuaba pina colada e alguém do trabalho vem falar comigo). Eu hein! VaAAAaaAaza desgraça!!!!!! 
Como fiquei putaço com a realidade que me deparei novamente de ter que pegar o ônibus, resolvi meter o loko e andar de Opala mesmo. Depois do PRIMEIRO dia vi que ia ser um pouquinho complicado levar essa vida de glamour. Cheguei em casa, saí molhado do banho, enfiei o dedo na tomada e já levei um choque de realidade pra acordar pra vida (brincadeira tá gente, é só modo de falar). Aí olhei os horários do ônibus, deixei tudo arrumadinho e coloquei o despertador pras 5h40. Amanhece e eu acordo sem o despertador, pensei até em dormir mais um pouco antes de tocar, mas resolvi fazer o cálculo de quantas horas eu ainda tinha. Pois bem, já era 9h36! Apenas fechei os olhos e gritei o mais alto que pude, pra extravasar legal. Fui tomar meu banho, tive que passar roupa porque não tinha nenhuma em condições aceitáveis, peguei as três rabanadas que tinha guardado pra uma ocasião especial - não perder o emprego pode ser considerada uma ocasião especial, né? - e fui pro Opala, já que eu tinha perdido o ônibus que vai direto pro meu trabalho. Entro no carro e ele NAO LIGA! Mano... Olhei na rua e os vizinhos já tinham saído, afinal de contas já era quase dez da manhã. Voltei pra casa e fui ver o Uber. Para a surpresa de zero pessoas ele estava mais caro que uma cesta básica. Sentei na poltroninha e pensei "pq, Senhor?" Como não queria ouvir voz nenhuma já que estava sozinho em casa eu logo peguei minhas coisas e fui rumo ao ponto de ônibus. Pensei que era melhor pegar dois ônibus + duas horas de viagem do que gastar uma fortuna com uber. Começo a caminhada e me preparo para tomar o meu café da manhã, ao abrir a embalagem o negócio sai do meu controle e as últimas três iguarias vão ao chão. Lá estão elas, as três Marias estateladas no asfalto. Poderia ser a sequência do azar, mas o destino não conhece a força de vontade que um gordinho tem. Peguei uma por uma, fiz uma cara de triste enquanto levantava e olhava ao redor, na certeza de que não tinha gente me observando. Guardei no pote e segui andando. Na curva seguinte eu comi todas elas sem nem assoprar, e olha que elas ficaram no chão por mais de três segundos, hein! Quando estou no fim do caminho, já na saída do condomínio, o que eu vejo? Diz pra mim o que eu vejo?!?! Eu vejo não só um, mas dois ônibus! Um passando e o outro chegando. Saí correndo pra atravessar as pistas, me sujei todo na hora de passar pela divisória das pistas e quando termino toda essa missão o ônibus não valoriza o meu esforço e passa direto. Olha, muito triste... Mas aí vem vindo um carro devagarinho, parando na parada. Já pensei que fosse uma lotação e fui me aproximando pra entrar. Como eu poderia ir pra qualquer lugar então nem esperei dizer o destino, só que quando fui chegando bem perto vi que os caras começaram a proteger o celular e aí eu percebi que não era uma lotação. Fiquei tão sem graça que chamei a porra do Uber. Pelo menos ficou cinco taokeys mais barato que na porta de casa. Fui para o trabalho tão chateado com o gasto no Uber que fiquei sem apetite o dia todo, não almocei e vivi de água, luz, uma maçã e um pedaço de bolo branco doados. 
Agora eu quero que chegue logo a segunda-feira pra eu poder me comunicar com o cara da pintura. Vai que consigo tocar o coração dele com a minha história triste e ele me entrega logo a minha joinha. 

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