Lascou

Após uma manhã inteira ouvindo o telefone aqui de casa tocar e eu sabendo quem era (Felipão, meu amigo do Brasa que ficou de me ligar naquele horário) e sem poder atender porque não sei se posso atender o telefone e mesmo se pudesse não saberia conversar com a pessoa, caso não fosse ele, eu fui salvo pela minha avó. Isso mesmo, minha vovó veio aqui pela manhã no domingo. Acho que ela vem aqui todo domingo pra dar uma folga pra minha mãe. Também né, a tadinha rala o dia todo aqui em casa. Merece um descanso mesmo. Mas então, assim que ela chegou o telefone tocou de novo e ela atendeu. Como eu já suspeitava a ligação era mesmo pra mim. Era o Felipe, meu camarada que se duvidar já até peguei no colo há muito tempo. Hehehehe
Fomos para o futebol dos brasileiros e pela primeira vez aqui consegui falar mais de duas frases consecutivas corretamente. Tudo bem que era em português, mas ta valendo. Jogamos um golzinho, tiraram as traves do campo pra não ter mais futebol da galera, e depois fomos para um pub que não me lembro o nome. Aqui ninguém paga pra entrar em nada, pedimos o bife que tem lá e que todo mundo que vai lá come, que custa apenas AUD$2 e demos início aos trabalhos. Pra treinar o inglês eu já fui o primeiro a ir pegar a jarra de cerveja, sozinho ainda por cima. Não tive muitos problemas, fomos bebendo e de repente a mesa estava cheia de brasileiros, tava me sentindo em um buteco no Brasil. Depois de lá descobrimos que não era uma boa continuarmos de carro porque já tínhamos bebido umas e outras e não valia a pena arriscar ser parado pela polícia. Fomos de táxi buscar uma amiga do Felipe que ia com a gente pra uma festa. Segundo ele a festa ia ser “a festa’, estilo aquelas de filme com a galera se jogando do telhado e tudo mais. Até fiquei meio sem graça porque não estava arrumado e tudo mais, mas isso não era problema. Enquanto ele buscava a amiga nós - eu, Marcelão e Elias Maluco - fomos comprar cerveja pra levar pra festa, mas estava fechado e não rolava de chegar sem nada na festa. Isso foi um grande problema. Aqui não se vende bebida em qualquer lugar e no único lugar que vendia perto de onde estávamos já tinha fechado. Pegamos então o táxi van e fomos pra festa procurando a outra única loja de um outro bairro que vendia bebida, para a nossa sorte ela estava a pleno funcionamento. Deixamos o táxi aguardando e fomos pra loja correndo. Compramos uma caixa tamanho família (24 long neck) e fomos para o evento do ano. Bem, a festa estava mais pra uma reunião de amigos que não tinham o que fazer no sábado à noite do que propriamente pra uma festa. Ok, vai melhorar ainda galera, está só no começo. Pura ilusão, a festa era aquilo mesmo, nada de galera muito doida, muito menos alguém quebrando a casa toda como nos filmes. Fizemos uma reunião e decidimos sair dali o quanto antes, o Felipe e a amiga ficaram por lá. O meu único conhecido de verdade ficou na festa e eu fui embora com a galera que acabara de conhecer, show! Fomos embora, a festa era em um buraco que pra sair de lá tínhamos que subir uma ladeira muito grande porque lá nem táxi tinha. Pra galera de Brasília poder ter noção de como era lá: a rua é igual aquelas do Lago Norte, nas quadras da QL que tem aquela descida. A casa é lá em baixo , só que a ladeira é bem mais íngrime e a rua é bem maior também, pode colocar o dobro dos dois aí sem exagero. Como eu era o melhorzinho dos três tive que subir toda a ladeira carregando a caixa de cerveja, encarei tal situação como um trote por ser o novato. Depois da ladeira tivemos que ficar no meio da rua rezando pra passar um táxi, e o pior é que passou. Fomos para a casa do Marcelão para terminar de beber a cerveja (aqui não se pode beber na rua) e depois seguimos para o The Victory, um outro pub, ver o jogo da Austrália. Chegando lá eu já estava morto de cansaço, mas a cada vez que falava isso eu ganhava um caneco cheio só pra relaxar, e assim fui ficando. A cada hora mais e mais brasileiros aparecendo. As brasileiras já sabemos quem são de longe, é só olhar pra elas e ver se estão usando calça jeans, simples assim. Já não agüentava mais ver brasileiros e não agüentava mais ficar em pé também, consegui dar um sumiço no meu copo e fui embora antes mesmo do jogo começar. Fui pegar o táxi sozinho e pra minha surpresa o taxista não sabia o endereço e ainda queria ficar batendo papo. Falava várias coisas e eu só ria, não podia deixar transparecer que eu estava completamente perdido e ainda sem entender nada. Até que chegou uma hora que me irritei e só eu puxava os assuntos, que cara folgado!! Quem ta pagando o táxi sou eu my brother, ainda tenho que falar só o que você quer? Ah sai fora!! A conversa era só pergunta e resposta, nada de explanar sobre o assunto não. Aí o cara vira pra mim e fala que não sabia por onde ir, como eu já tinha caminhado um pouco com o colombiano aqui de casa pelo bairro eu me lembrava de alguma coisa. Ainda bem que ele perguntou exatamente na parte onde eu me lembrava. Aí foi mais tranqüilo, era “left” pra cá “rigth” pra lá e gesticulando e “next” e mais gestos... Uma beleza de co-piloto! Como já faz parte da viagem, não podia faltar a adrenalina final. Eu tinha apenas AUD$30 e o taxímetro já estava chegando na minha cota e não estava chegando em casa, já estava pensando em mandar ele parar quando chegasse nos AUD$30 pra eu descer e ir andando o resto do caminho, mas com a minha instrução perfeita deu AUD$31,30. Quase que perguntei se fechava por AUD$30. Fiquei um tempão segurando o dinheiro pra ele pegar, mas só se manifestou depois que achei minhas moedinhas e completei toda a conta, cheguei em casa e apaguei.